Durante muito tempo, a atuação feminina nas Olimpíadas foi vista como inapropriada, inclusive, pelo idealizador do evento, Pierre de Coubertin, que as proibiu de participar nos primeiros jogos. Mas já na segunda edição, em 1900 na França, elas participaram e nunca mais pararam. Isso não significou uma jornada fácil. Discriminação, assédio, sexualização. Estas foram muitas das barreiras que foram ou ainda precisam ser ultrapassadas.
Mas pelo visto, teremos ainda um longo caminho até conseguirmos de fato eliminar o machismo dos esportes.
Um episódio causou muita indignação no meio do padel do último final de semana. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um dos jogadores que disputava um torneio no Rio Grande do Sul fazer o que aparenta ser o gesto de uma pessoa lavando roupa, após uma partida contra uma dupla de mulheres, o que foi interpretado pelos presentes e pelos que assistiram o vídeo como uma insinuação machista de que lugar de mulher é lavando roupa e não em uma quadra de padel. Segundo relatos, comentários e atitudes do mesmo jogador em relação às meninas já teriam sido feitas antes mesmo do início da partida.
A reação no local foi instantânea, com vaias e desaprovação inclusive de seu parceiro de jogo. A comunidade do padel na internet também reagiu de forma intensa e imediata. Atletas se mobilizaram em suas redes sociais e notas de repúdio e mensagens se multiplicaram rapidamente. Clubes, atletas e entidades manifestaram seu repúdio.
O Clube Ace Paddle, local onde foi realizado o evento analisou os fatos e decidiu eliminar o jogador do torneio, além de proibir sua participação em torneios do clube por 6 meses.
A Federação Gaúcha de Padel se manifestou através de uma nota, anunciando a proibição do jogador de participar dos torneios organizados pela FGP nos anos 2022 e 2023:
Jogadoras, jogadores, clubes, treinadores e toda a comunidade se uniu em defesa da participação feminina. Confira algumas delas:
Mas o machismo não se limita às ofensas claras e diretas como as do final de semana.
Começamos este artigo falando sobre as olimpíadas por se tratarem do ápice dos esportes, mas principalmente porque apenas na edição mais recente, mais de um século depois da criação dos jogos olímpicos modernos, conseguimos celebrar a notícia de que as Olimpíadas de Tóquio 2021 seriam a primeira a atingir a meta de equidade de gênero entre os atletas, com 49% dos participantes mulheres.
No padel internacional, ações em direção a uma equiparação entre os sexos começam a tomar força. O Word Padel Tour foi o primeiro entre os grandes circuitos a caminhar neste sentido, fazendo a partir de 2022 a equiparação dos prêmios atribuídos em ambas as categorias, masculina e feminina.
O caminho pode ser ainda longo e sinuoso, mas a julgar pela reação da comunidade brasileira ao episódio, a união fará com que o padel continue sendo um lugar seguro e agradável para a prática do esporte, onde todos são bem-vindos. Menos os intolerantes, é claro.
DA REDAÇÃO