Em entrevista exclusiva ao Super Padel, o ídolo brasileiro fala sobre sua carreira, planos para o futuro, a sua presidência na Associação de Jogadores Profissionais de Padel (PPA), as negociações entre WPT e Premier Padel e muito mais.
Aos 9 anos de idade começou a jogar padel por influência do pai, que também praticava o esporte. Aos 15 já estava disputando as categorias profissionais. Reza a lenda que deixou o Brasil com 10 Euros no bolso para morar na Espanha. Para sobreviver por lá dava até 11 horas de aulas por dia, ao mesmo tempo em que jogava o Circuito da Federação Espanhola.
Já na Padel Pro Tour, ganhou destaque no cenário internacional, principalmente a partir da parceria com Juani Mieres. A dupla foi chamada de “Los Principes”, por serem a única dupla a fazer frente a “Los Reyes” Belasteguín e Juan Martín Díaz.
Anos mais tarde, ao lado de Belasteguín e já no World Padel Tour, o desempenho extraordinário da dupla no circuito foi o motivo para uma mudança no regulamento, definiu a utilização bolas diferentes em diferentes altitudes a fim de equilibrar mais os jogos que eram dominados por eles.
Dentre as muitas parcerias de sucesso, fez dupla com estrelas do padel como Ale Galán, Paquito Navarro, Agustín Tapia e mais recentemente Franco Stupaczuk. Dentre os incontáveis títulos e a imensa importância na história do esporte, destacam-se os 50 títulos no World Padel Tour, que o colocam como o segundo maior vencedor da história do circuito, 13 títulos à frente do terceiro colocado, Sanyo Gutiérrez.
Estamos falando do “canhão de Porto Alegre”, Pablo Lima. O jogador de padel que levou [e ainda leva] a bandeira brasileira a todos os cantos do mundo onde o esporte se faz presente.
SP: Como surgiu o apelido “Canhão de Porto Alegre”?
Lima: Esse apelido foi dado pelo narrador espanhol Lalo Alzueta.
SP: O fato de ser canhoto mais ajudou ou trouxe algumas limitações à sua carreira?
Lima: O fato de ser canhoto na minha opinião ajuda na parte ofensiva do jogo mas pode prejudicar na defesa . Na verdade não saberia te dizer se me ajudou ou atrapalhou.
SP: Estamos no período de recesso dos grandes torneios. Como gosta de passar seus dias nesta época?
Lima: Trato de descansar e estar com minha esposa e meu filho o maior tempo possível.
SP: Teve algum jogador que você gostaria de ter feito dupla e não foi possível? E tem alguma dupla que você gostaria de reestrear por um dia?
Tive a oportunidade de jogar com grandes jogadores e sinceramente estou mais que satisfeito. Um dupla que gostaria de poder reestrear seria a dupla Mieres/Lima .
SP: Depois de tantas conquistas, há algo que você ainda gostaria de viver no esporte?
Lima: A nível profissional pude conquistar muito mais do que eu imaginava quando comecei a jogar. Gostaria de poder jogar um campeonato com meu filho. Ele tem somente 6 anos, ou seja, não sei se até lá ele vai me aceitar de parceiro, kkk.
SP: Em fevereiro você anunciou sua aposentadoria para o final da temporada deste ano. O que te levou a definir 2023 como seu último ano no profissional e como está sendo receber tantas homenagens?
Lima: Jogo há muitos anos e uma decisão dessa sempre é tomada por vários fatores. Acredito que os mais importantes foram querer estar mais com minha família e alguns problemas físicos que não vem ajudando muito. Sobre as homenagens, fiquei muito surpreso pois recebi carinho de diversas pessoas e países.
SP: Muito se fala sobre a evolução do esporte, você acredita que há de fato diferença entre o padel jogado hoje com o do início da sua carreira? Como se sairiam um Lima/Mieres ou um Lima/Bela em seu auge jogando um torneio hoje?
Lima: O pádel vai mudando como vão mudando todos os esportes. Acho que os jogadores que tu citaste se saíram bem, porque se tu pegar até o ano passado tanto Bela como eu, sem estarmos no auge, pudemos ganhar alguns torneios.
SP: Há pouco tempo, Galán e Lebrón reinavam absolutos, mas vieram Tapia e Coello, que igualmente parecem insuperáveis. Você acha que é possível vermos em algum momento novamente longos períodos de dominância de uma única dupla, como foi a sua com Bela por exemplo?
Lima: É complicado saber porque a cada ano vão surgindo jogares novos e existe o fator de as duplas mudarem muito mais que antes . O que sim acredito é que sempre vão existir duplas que dominem os primeiros postos do circuito. No esporte tudo pode acontecer… o tempo dirá.
SP: Como andam os trabalhos na PPA desde que Ale Galán deixou a presidência? A PPA participa em alguma instancia nas negociações entre WPT e Premier?
Lima: Os trabalhos na PPA seguem exatamente iguais que quando estava o Galán era presidente. Respeito as negociações entre WPT e Premiar. A PPA nunca participou já que se trata de uma compra entre empresas.
SP: Você jogou a Padel Pro Tour, o World Padel Tour e agora o Premier Padel. Há semelhanças entre a transição que houve do Padel Pro Tour para o World Padel Tour e o momento que estamos vivendo agora entre Premier e WPT? De que forma estas transições (ou o surgimento de novos circuitos) beneficiam o esporte?
Lima: O caso agora é diferente já que uma empresa vai absorver a outra. Na época do Padel Pro Tour, os circuitos nunca conviveram como está acontecendo desde o ano passado. Acredito que as transições são sempre para melhorar e fazer com que o esporte cresça.
SP: Na sua opinião, existem chances de WPT e Premier coexistirem? E de que forma isso seria benéfico ou prejudicial ao esporte?
Na minha opinião não existe a possibilidade de que os circuitos coexistam. Até onde tenho entendido nenhuma das partes quer esse modelo. Sinceramente acho que dois circuitos não seria bom para o padel . Em um momento de transição sim, mas como norma geral não .
SP: Você pretende continuar participando da diretoria da PPA? Há previsão de novas eleições?
Lima: Com saída do Galán passei a ser o presidente. Como eu era o vice, por estatutos assumi automaticamente. Agora mesmo, até o final do ano existe tanto trabalho que não conversei sobre a minha continuidade. Estou priorizando terminar o projeto que começamos. Tenho entendido que ano que vem existirá eleições.
SP: As projeções do Global Padel Report são muito otimistas em relação ao crescimento do padel no mundo. Embora as estatísticas no Brasil sejam ainda muitos escassas, como você vê o crescimento do esporte no país?
Lima: Acho que o pádel no Brasil vai acompanhando o desenvolvimento que existe no mundo. O esporte é muito bom e acredito que é questão de tempo para que seja bem mais conhecido no nosso país.
SP: Como andam as preparações para sua volta ao Brasil? Já tem uma data em mente?
Estou muito feliz de voltar ao meu país . São 19 anos fora e tenho vontade de regressar. Não sei uma data exata mas falta pouco.
SP: Pretende tirar um período afastado do padel quando voltar ou já tem planos para atuar no esporte aqui no Brasil? Veremos o Pablo Lima como treinador?
Lima: Pretendo fazer coisas fora do pádel mas também quero me manter no ambiente. Sinceramente não recebi nenhum convite para ser treinador. Seguirei no pádel mas não sei em que área ainda.
SP: As quadras da Griff Padel, que levam a sua assinatura, estão se espalhando em grandes clubes país a dentro. Esta continuará sendo uma das suas conexões com o padel no Brasil?
Lima: Quando tomei a decisão de deixar de jogar conversei com eles para ver se queriam dar sequência. Seguiremos juntos o que para mim é muito legal.
3 curiosidades rápidas:
Ritual de concentração para os jogos?
Me isolar alguns minutos entes de entrar em quadra.
Estilo de música preferida atualmente?
Sempre escutei muita música brasileira em geral.
Indicação de série, filme ou livro para os leitores do Super Padel?
A série “The Chosen”. (Disponível na Netflix)
Maycon Henschel, da redação.