Estamos presenciando hoje um importante crescimento do padel em quase todo o mundo. Uma legião de novos praticantes, que embalados por novos circuitos, quadras cada vez mais modernas, transmissões televisionadas e o surgimento de novos ídolos esportivos, impulsionam todo um mercado em torno do esporte.
No Brasil, com o avanço mais intenso acontecendo na região Sul, começamos a nos perguntar quando o padel chegará com mais intensidade às regiões mais populosas do nosso país. Neste contexto, o estado de São Paulo, em especial a sua capital e região metropolitana são áreas de extrema importância.
Para falar sobre como anda o cenário do padel em São Paulo, o Super Padel conversou com Geraldo Brunholi, Diretor Secretário da Federação Paulista de Padel e o principal responsável pela única edição do World Padel Tour já realizada no Brasil.
Confira a entrevista com Geraldo Brunholi:
Super Padel: Pode nos falar um pouco sobre a criação da FEPPA, os objetivos e ações previstas pra 2023?
Geraldo: Sou um dos idealizadores e desde 2014 estávamos tentando viabilizar e finalmente conseguimos registrar em agosto do ano passado. O objetivo principal da criação e registro da Federação em SP é de “oficializar” institucionalmente o padel no Estado de São Paulo, para que possamos divulgar, fomentar, promover e desenvolver o esporte em todo o estado.
Inicialmente, e até por falta ainda de uma estrutura completa de trabalho, já que estamos iniciando agora esta estruturação, a FEPPA não participará da realização/execução das etapas do Campeonato Paulista de Padel, mas será sim a responsável pela organização, com a formatação das etapas, calendário e escolha dos clubes e academias que serão responsáveis pela realização das etapas. Teremos ainda participação junto à COBRAPA, tanto como Instituição como nas comissões técnicas e disciplinares da Confederação.
De forma resumida esta é a FEPPA, recém-nascida, mas com planos ambiciosos para o padel no estado de São Paulo.
Super Padel: Já tivemos no passado uma onda de crescimento do padel no Brasil, mas em determinado momento a onda acabou recuando. Você vê diferenças em relação ao crescimento que estamos presenciando agora?
Geraldo: Considero que o crescimento atual é bem mais sólido que o anterior, porque hoje vejo que os investidores no padel estão muito mais profissionais, não apenas construindo quadras e sim clubes.
Os clubes estão se estruturando para receber não somente os atletas, mas clientes que independente de praticarem o esporte, podem frequentar da mesma forma, com bares e lanchonetes bacanas, vestiários e banheiros adequados, estacionamentos, etc. Desta forma atraem um público maior, em um ambiente cada vez mais familiar e agradável de se frequentar.
Paralelo a isso, entenderam que o atleta, principalmente o amador, é acima de tudo um cliente, e que tem que ser bem recebido e bem tratado para poder continuar voltando.
Então, provavelmente ainda temos lugares que devem melhorar, mas já temos muitos locais que se adequaram e oferecem ambiente muito agradáveis e propícios a prática de esportes.
Super Padel: Como está o cenário do padel em São Paulo?
Geraldo: São Paulo atravessa um período de transição muito promissor, com construção de novos clubes, alguns deles fazendo a junção entre Padel e Beach Tênis, e muita gente interessada em investir ainda mais em construção de novos clubes de padel.
Antes do evento do WPT no Brasil, tínhamos em SP apenas duas quadras de vidro, e hoje, temos 16 e mais umas 6 ou 7 devem ser inauguradas nos próximos meses.
Ainda é um número pífio perto das cidades da região sul, mas é um crescimento percentual bastante interessante, num período curto e de pandemia.
São Paulo tem características muito parecidas com países onde o padel explodiu: tamanho geográfico, população, PIB, renda per capta, etc. Portanto, temos um potencial de crescimento no padel muito grande.
A maior dificuldade aqui é o custo do m2 e a concorrência com a Construção Civil, que não para nunca, tornando o “negócio padel” mais difícil que em outras cidades. Mas o padel está começando a trilhar o caminho do interior e isso será fantástico nos próximos anos, tenho certeza disso.
Super Padel: Você trouxe o WPT para São Paulo em 2019, como foi essa experiência? O que ficou de legado e quais são as maiores dificuldades para a realização de mais eventos deste porte no Brasil?
Geraldo: O sonho do WPT se tornou realidade no Brasil, porque apesar de são-paulinos, agimos como um “bando de loucos”.
Começamos sonhar com esta possibilidade em 2017, e fiz os primeiros contatos com o WPT em Buenos Aires (no evento deles) e depois fui a Madrid participar de uma feira de negócios de padel, promovida e patrocinada pelo Governo da Espanha. Estreitamos o relacionamento, começamos o planejamento e conseguimos fechar um contrato para realizar o WPT no Brasil por 3 anos (2019-2020-2021).
Realizamos com muito trabalho e esforço, e com muito sucesso (principalmente pela avaliação do próprio WPT) o evento de 2019 em São Paulo, mas infelizmente não pudemos realizar os dois anos seguintes devido a pandemia da Covid-19.
Foi um aprendizado que jamais iria conseguir, se não fosse um dos idealizadores e tivesse participado tão ativamente como fiz.
O legado principal é a percepção de que nós brasileiros podemos sim fazer eventos grandiosos como este. Temos capacidade para isso e muito mais, mas é muito difícil principalmente porque não se tem o apoio que deveria para fazer algo tão grandioso como este no país.
A principal dificuldade de se fazer novamente é o custo, que é extremamente alto para os padrões brasileiros. Por ainda ser um esporte relativamente novo e não olímpico, tem pouca mídia e, consequentemente, muito mais dificuldade para conquistar grandes patrocinadores, que são essenciais para custear o evento.
DA REDAÇÃO