A temporada do Brasil Padel Tour em 2025 está chegando ao fim. Por isso, chegou o momento de destacar grandes personagens que marcaram o ano de alguma forma. No calendário do BPT, duas datas ainda restam para o público aproveitar o mais alto nível do pádel nacional: etapa Master em Carazinho e o Master Finals, que reúne os 16 melhores colocados do ranking, em Santa Rosa.
Novas duplas surgiram, grandes resultados aconteceram e atletas se destacaram em um ano onde o nível da competição e do circuito foi elevado. Um desses grandes personagens de 2025 é um veterano do esporte e já conhecido do público, João Pedro Moraes. Com 47 anos, o experiente atleta de pádel se consolidou entre os melhores jogadores do país em mais um ano.
JP, como é mais conhecido, hoje ocupa a 8ª colocação no ranking com 3.870 pontos. Até aqui no ano, acumula três quartas de final (Marau, Joinville e Chapecó), duas semifinais (Joinville e Camaquã) e um vice-campeonato em Tupanciretã ao lado do argentino Gonzalo Escobar. Naquela oportunidade, eliminaram a dupla º 1 do Brasil, Lucas Cunha e Matheus Simonato, na semifinal; já na final, foram derrotados por João Pedro Flores e Júlio Julianoti.
Natural de Jaguarão (RS), JP conta para o Portal Super Padel um pouco da sua trajetória que começou aos 12 anos de idade. Além disso, fala sobre 2025, um ano especial em sua carreira.
Começo e trajetória
Como foram seus primeiros contatos com o pádel, já que você vem de Jaguarão, uma das primeiras cidades onde o pádel se instalou no Brasil?
JP: Meu primeiro contato com o pádel foi com 12 anos de idade, passávamos as tardes com amigos no Clube Harmonia jogando futebol e pádel, éramos sócios deste clube onde foi construída a primeira quadra de pádel do Brasil, em 1987.
Em que momento o pádel deixou de ser apenas um hobby e se tornou uma profissão para você?
JP: Em 2015, quando a empresa onde eu trabalhava fechou as portas surgiu a oportunidade de ministrar aulas de pádel no clube Master Padel em Porto Alegre, ali foi o início da minha jornada profissional.
Quando o beach tennis entra nessa história? Você traz recursos desse esporte para dentro da quadra de pádel?
JP: O beach tennis entra nessa história logo em seguida, no mesmo ano que tornei o pádel como profissão, foi um esporte que “explodiu” nesta mesma época e durante bom tempo ministrei aulas de beach tennis e pádel paralelamente. Eventualmente trago alguns recursos para a quadra de pádel sim, principalmente em situações que exigem reflexo e tempo de reação apurados.
Hoje você está à frente de um clube de pádel, como é conciliar a vida de empresário com a rotina de atleta profissional?
JP: Essa é uma ótima pergunta, não é nada fácil e fora a rotina administrativa do clube e os treinos diários, tenho a família que sempre tento balancear ao máximo, mantenho uma rotina bem organizada graças ao suporte da família e dos sócios do clube.

Carreira e Brasil Padel Tour
Você foi muito elogiado neste ano pela forma física, mesmo sendo um dos mais experientes do circuito. Como trabalha sua parte física?
JP: Não tem muito segredo, com o passar dos anos vamos nos conhecendo melhor e fazendo melhores escolhas de forma geral, faz algum tempo que treino, em média, cinco vezes por semana. Posso dizer que me cuido bastante. É um processo de que peguei gosto, treinar é a parte alta do meu dia.
Falando do BPT, a parceria com o Gabriel Almeida parece ter sido muito especial, dentro e fora da quadra. Tem mais alguma parceria na sua carreira que gostaria de destacar?
JP: Gabriel e eu voltamos a fazer dupla (já tínhamos jogado juntos no passado) logo em seguida que ele veio morar em Balneário Camboriú, começamos a treinar juntos diariamente com a equipe do Pablo Lima e decidimos jogar juntos, temos boa sintonia e características que acreditamos que se complementam, fora de quadra somos grandes amigos. Outro parceiro que eu destacaria é o João Boeira que quando voltei a jogar em 2023 fizemos bons torneios juntos e também é um grande amigo.
Este ano você teve resultados memoráveis. Em Tupanciretã, chegou à final ao lado do Gonzalo Escobar, eliminando a dupla nº 1 na semifinal. Como foi aquele fim de semana e o que significou aquela final para você?
JP: Sim, foi um final de semana especial, minha primeira final após ter voltado ao circuito em 2023, eliminando a dupla 1 que só tinha uma derrota no ano acredito, foi motivo de orgulho pra mim, a final veio recompensar todo esforço, privações e trabalho duro destes últimos anos.
Com esses resultados, veio também a chance de disputar o Master Finals 2025. Como estão a expectativa e a preparação para essa reta final do circuito?
JP: Jogar entre os melhores é o que sempre me moveu no esporte, tanto no beach tennis quanto no pádel, estar mais um ano no Master Finals onde estarão as 8 melhores duplas do ano me dá a sensação de que tenho feito as coisas bem, o foco e a preparação estão a mil para estes dois últimos torneios do ano.
Qual a importância que um circuito como o BPT tem na carreira de um atleta profissional no Brasil?
JP: Um circuito organizado e consolidado como o BPT traz visibilidade, reconhecimento e comunicação com o público consumidor, assim como oportunidades profissionais.

Como você enxerga o crescimento do pádel brasileiro e do circuito como um todo, com novos nomes e duplas surgindo a cada etapa?
JP: Enxergo com otimismo e entusiasmo, uma pena não ter mais 25 anos para poder “surfar esta onda” durante mais algum tempo como atleta, acredito que o pádel brasileiro esteja em seu melhor momento depois da década de 90, o circuito está cada vez mais competitivo principalmente com a vinda de atletas estrangeiros e também com alguns atletas da nova geração.
Aposentadoria
2025 será realmente o ano da sua despedida dos torneios profissionais?
JP: Não estou 100% certo ainda, mas as viagens e o tempo longe da família e trabalho tem me deixado cada vez mais inclinado a pelo menos desacelerar o ritmo e jogar somente as etapas mais perto de BC, mas como me conheço bem não quero afirmar nada ainda. Depois pretendo me dedicar cada vez mais ao clube e projetos ligados a esporte de raquete e lifestyle.
Qual legado ou conselho você gostaria de deixar para quem sonha em trilhar um caminho parecido no pádel?
JP: Eu diria pra não ter medo de começar. Errar, mudar, recomeçar tudo faz parte. Em 2015 eu tinha 37 anos quando comecei a me dedicar 100% ao pádel, em 2018 comecei a me dedicar ao beach tennis e em 2023 voltei ao pádel, parecia tarde né? O importante é se manter curioso e fazer as coisas com dedicação e trabalho duro, quando a gente coloca o coração no que faz, o caminho pode até ser difícil, mas sempre vale a pena.
Lucas Acosta, para o Super Padel.
