Qual carbono é mais duro, 3k ou 18k? Qual carbono é melhor para potência? Qual é indicado para controle? E se eu disser que provavelmente tudo que você leu por aí está errado?
As raquetes de padel têm passado por significativas evoluções ao longo do tempo, e a escolha dos materiais certos desempenha um papel crucial no rendimento do jogador e na durabilidade de raquete. Entre os diversos elementos utilizados na fabricação das raquetes, a discussão sobre os tipos diferentes de revestimentos de carbono sempre acabam gerando dúvidas.
Contudo, nem todos os carbonos são iguais, e a nomenclatura desse material utilizada nas raquetes de padel, expressa em termos como 3k, 12k, 18k e outros, pode trazer grandes confusões quanto a suas reais propriedades.
A nomenclatura
A nomenclatura do carbono em termos como 3k, 12k, 18k e similares refere-se à quantidade de filamentos (fbiras) de carbono por fio. Essa numeração é baseada na contagem do número de filamentos em milhares, por exemplo, 3k representa 3.000 filamentos por fio, 12k representa 12 mil filamentos, e assim por diante.
A fibra de carbono normalmente vem na forma de um tecido, o que facilita o trabalho e pode fornecer resistência estrutural adicional, dependendo da aplicação. Por causa disso, existem muitas tramas diferentes usadas para tecidos de fibra de carbono.
Além disso, conforme o número de filamentos muda, a aparência do tecido também muda, uma vez que quanto mais filamentos, menos tramas são utilizadas para cobrir determinada área. Em outras palavras, quanto maior o número de filamentos, maiores serão visualmente os “quadradinhos” do tecido. Veja na imagem a seguir.
No caso das raquetes de padel, estas diferenças podem levar a conclusões falsas, já que muitos dos vídeos e artigos explicativos tratam a quantidade de “K” como maior ou menor “dureza” da raquete. Vamos analisar esta mesma linha de raciocínio.
Mais filamentos significam uma raquete mais dura?
A resposta é não. Uma maior quantidade de filamentos, não significa que necessariamente vai haver mais ou menos carbono em determinada área, portanto, uma raquete revestida com carbono 18k não necessariamente é mais dura do que uma revestida com carbono 3k.
Então menos filamentos é que significa uma raquete mais dura?
A lógica inversa também é falsa. Artigos e vídeos alegam que com a menor quantidade de filamentos, o número de tramas seria maior, e por isso as raquetes se tornariam mais rígidas, mas segundo os fabricantes, isto também não é verdade.
Além dos filamentos, existe a gramatura
Para ficar um pouco mais complexa a história, as marcas não utilizam a mesma densidade de fibra em seus carbonos. Esta densidade é a gramatura, que define a quantidade de carbono por centímetro. Ou seja, o carbono 3k de uma marca pode ter propriedades diferentes do carbono 3k de outra marca.
Mas afinal de contas, por que as marcas utilizam diferentes tipos de carbono?
Perguntamos a Michel Diniz, responsável pela Ógea Sports, qual a principal função do carbono e porque são utilizadas diferentes tipos nas raquetes de padel:
“A principal função do carbono é prensar as camadas de EVA e dar maior durabilidade. Os carbonos com mais filamentos tem uma durabilidade maior, mas não influenciam na parte técnica. O EVA sim, é o mais importante de todos. Foram criadas muitas lendas para estimular o consumo, principalmente em cima da questão estética e comercial ao tornar o carbono aparente nas raquetes.”
Michel Diniz
Outro nome bastante conhecido no esporte, o técnico Manu Martin, falou sobre suas conversas com especialistas de marcas como Babolat, Bullpadel e Siux, e estas foram as suas conclusões:
“O que é indiscutível, e eu me aconselhei em diversas marcas e diferentes pessoas, por isso o que eu digo está confirmado, é que o 24k por ter um maior número de filamentos não é mais rígido que o 3k. Em muitos vídeos dizem que o 24k é mais rígido por ter maior número de filamentos, absolutamente e definitivamente, depois de ter falado com diversas marcas e responsáveis por produtos de cada uma delas, é que não.”
Manu Martín
Ainda assim, Manu reconheceu que ao provar as raquetes, muitos jogadores tem a sensação de que as raquetes com diferentes números de filamentos, teriam maior ou menor rigidez. Para tentar entender estas sensações, Manu levanta a hipótese de que isso esteja relacionado à saída da bola em reatividade aos diferentes tipos de carbono. Vídeo aqui.
Se não pelo carbono, como escolher minha raquete?
Se o carbono não define as principais características de comportamento da raquete, é importante levar em conta outros fatores como o formato, EVA e também a tecnologia aplicada. Cada marca e cada modelo de raquete tem uma combinação única de materiais e tecnologias, gerando assim um produto único. Portanto, penso que a melhor forma de escolher a raquete ideal é assistindo a reviews especializados sobre cada modelo, escutando autoridades sobre o assunto e sempre que possível, testando a raquete antes de comprar.
Maycon Henschel, da redação.