Quem acompanha o Brasil Padel Tour (BPT) pelas redes sociais, transmissões ao vivo ou diretamente das arquibancadas, muitas vezes não imagina o volume de trabalho envolvido na realização de uma etapa. Por trás das quadras, existe uma operação que exige planejamento, coordenação e uma equipe alinhada para que tudo ocorra dentro do padrão profissional que o circuito vem adotando nos últimos anos.
Nesta entrevista exclusiva ao Super Padel, conversamos com Arlindo Sandri Júnior, diretor de operações do BPT desde junho de 2024. Ele é o indicado da APB coordenar toda a organização geral das etapas: hospedagem, marketing, transmissão, relação com os organizadores locais e diversos outros detalhes que garantem o funcionamento do evento.
Como começa o processo de realização de uma etapa do BPT?
Arlindo: Uma etapa tem seu início à partir do interesse de um organizador local em sediar uma etapa. O operacional do BPT entra em contato com a sede em torno de 60 dias antes do evento (para novos organizadores), para passar o checklist e o caderno de encargos. Esse contato se mantém semanalmente ou até diariamente. Antes do evento, é basicamente o diretor de operações do BPT e o organizador local que conduzem tudo, mas também envolve pessoal de transmissão, diretor de arbitragem, marketing… Ao todo, são aproximadamente 20 pessoas envolvidas. Os maiores desafios são as contratações de transmissão, hospedagem e marketing, uma vez que temos prazos para entrega desses setores.
O que é exigido em termos de estrutura física e técnica?
Arlindo: Quadras com padrão profissional, iluminação adequada, saída de portas o mais próximo do adequado possível. Toda a parte de transmissão é montada de acordo com os padrões do BPT, bem como sala dos atletas e fisioterapia. Arquibancadas e área VIP ficam a critério de cada organizador. Como o circuito está se desenvolvendo de forma cada vez mais profissional, as exigências também vão se ajustando. Portanto, clubes com melhores condições serão vistos como potenciais sedes de grandes etapas.
Como costuma ser a recepção das cidades-sede?
Arlindo: Sempre de forma calorosa, muito receptiva. O público é apaixonado pelo pádel e sempre encara o evento como uma excelente oportunidade para ver de perto os melhores jogadores do país em sua cidade.
Quantos atletas costumam participar e de onde vêm?
Arlindo: Hoje temos uma média de 30 a 35 duplas por etapa. Isso varia de acordo com a cidade e o valor da premiação. O BPT está entre os maiores circuitos da América do Sul, então estamos atraindo, além dos brasileiros, muitos argentinos, além de paraguaios, uruguaios e chilenos.
O que é oferecido aos atletas participantes?
Arlindo: Todo atleta filiado ao circuito recebe, além de desconto na inscrição, gratuidade de hotel (para quem está no quadro principal) e ajuda de custo para as viagens.
Qual é o custo estimado para realizar uma etapa do BPT?
Arlindo: O BPT tem três tipos de etapas: Open, Master e Master Finals. As premiações variam entre R$ 40 mil e R$ 100 mil. O investimento final de cada etapa dependerá dos patrocinadores locais. Disponibilizar seu clube para um grande evento envolve contratar hospedagem, transmissão e árbitros. Mas a diretoria de operações do BPT dá todo o suporte necessário para auxiliar o organizador. Algumas mudanças estão previstas para 2026.
Como funciona a transmissão dos jogos?
Arlindo: A transmissão é feita pelo canal exclusivo do BPT no YouTube. Hoje, o organizador contrata a empresa de transmissão, que leva seus equipamentos. Porém, essa empresa deve ser aprovada pelo BPT para manter os padrões. Para 2026, estamos tendo um olhar mais atento a essa questão.
Quantas pessoas estão envolvidas na produção?
Arlindo: Depende de cada empresa, mas gira em torno de 10 pessoas.
Qual é o impacto de uma etapa do BPT para a cidade?
Arlindo: Como sabemos, o pádel vem crescendo de forma rápida e positiva. Ter uma etapa de um dos maiores circuitos da América do Sul na cidade é um espelho para os novos jogadores, traz visibilidade para o clube, publicidade para as empresas locais… é tudo que há de positivo dentro de fazer esporte.
O que você destacaria dos bastidores das etapas?
Arlindo: Todas têm suas particularidades, questões fáceis e difíceis de resolver. Mas em todas o contato com os organizadores locais tem sido incrível. Todos querem fazer o melhor, com antecedência, visando o melhor para o circuito e para os jogadores. Assim o trabalho se torna prazeroso e, de certa forma, mais fácil.
Arlindo: Questões de internet, lesões, estradas fechadas… são detalhes que fogem do habitual e por isso temos que estar sempre atentos. Difícil lembrar de algo específico, pois é tudo muito dinâmico e passa rápido. Mas aproveito este espaço para mencionar a engrenagem que faz o BPT acontecer além da operação: Diego Marques, responsável pelas inscrições; Lucas Izkovitz, nosso diretor de arbitragem; o pessoal da empresa de marketing, na pessoa do Guilherme; toda a diretoria composta por jogadores e, principalmente, o incansável presidente Felipe Furghestti, que lidera toda essa turma.
O que podemos esperar para 2026?
Arlindo: 2026 será um ano de transformação positiva. Novas sedes, etapas maiores, crescimento no número de etapas e mais qualificadas. O circuito se profissionaliza cada vez mais, e toda a operação deve estar um passo à frente disso para oferecer qualidade para os organizadores, público e atletas. Todas as conversas são sempre voltadas para melhorias, porque o BPT tem condições totais de entregar o que promete. Temos todo o potencial para ser o melhor circuito da América do Sul — e por que não das Américas?
Nota: Calendário 2026 e patrocínios
A APB já está planejando o calendário das etapas do BPT de 2026. Segundo Felipe Furghestti, clubes e cidades interessados em receber etapas no próximo ano já podem entrar em contato com a direção da instituição. Os dados de contato estão disponíveis no site apbpadelbrasil.com.br. Da mesma forma, empresas ou marcas que tenham interesse em patrocinar alguma das etapas ainda nesta temporada também podem entrar em contato com a organização.
Maycon Henschel, da redação.
