A Associação de Jogadores Profissionais de Pádel (PPA) convocou uma coletiva de imprensa para esclarecer sua posição diante das recentes decisões da Premier Padel e da Federação Internacional de Pádel (FIP). Os atletas reivindicam maior transparência, cumprimento de acordos contratuais e um ambiente competitivo justo para o circuito profissional.
Nota da Premier Padel antes da coletiva
Poucas horas antes da coletiva da PPA, a Premier Padel divulgou um comunicado anunciando que, em conjunto com a FIP, decidiu propor ao Comitê de Ranking que os tamanhos dos quadros dos torneios P1 e P2 retornem ao formato aplicado em 2024. Essa mudança seria implementada a partir do torneio Santiago P1. A Premier Padel reforçou que essa decisão “não é uma reação ao boicote ilegal”, mas sim resultado de um diálogo constante com jogadores e partes interessadas.
A organização também publicou uma declaração sobre o impacto da ausência dos jogadores masculinos, alegando que a decisão de reduzir o tamanho dos quadros foi baseada em solicitações de atletas top-ranking, que alegavam jogar um número excessivo de partidas na temporada de 2024. Segundo o comunicado, essa decisão foi tomada após várias reuniões entre Premier Padel, FIP e PPA, resultando em um consenso entre as partes.
O comunicado atendia uma das principais queixas dos jogadores, porém, não foi o suficiente para mudar o tom da coletiva de imprensa que viria a seguir.


A coletiva de imprensa
A coletiva de imprensa foi conduzida por membros da mesa diretora da PPA, e foi prestigiada pela grande maioria dos jogadores do topo do ranking, seja presencialmente ou por videoconferência. Apesar disto, destacou-se a ausência de Franco Stupaczuk e Juan Lebrón. No início da coletiva, Alex Ruiz, presidente da PPA, leu uma carta com duras críticas direcionadas ao Premier e à FIP.
Segundo os jogadores, a Premier Padel tem descumprido compromissos assumidos com os jogadores, adotando medidas unilaterais que comprometem a estabilidade da competição. Os atletas alegam que a FIP, em vez de atuar como reguladora imparcial, tem favorecido a Premier Padel, gerando um conflito de interesses e colocando em risco o desenvolvimento do esporte.
“Nos prometeram um circuito profissional com regras claras e uma gestão transparente, mas o que encontramos é um ambiente de instabilidade e decisões arbitrárias”
Afirmam os jogadores.
Reivindicações dos jogadores
A PPA reforçou que busca um diálogo construtivo com as entidades responsáveis pelo circuito profissional e apresentou uma lista de reivindicações essenciais para, segundo eles, garantir um ambiente mais justo e seguro:
- Regulação Clara e Justa – Exigem um modelo de regulação estável, equitativo e imparcial para o circuito profissional de padel, sem interferências arbitrárias.
- Fim do Conflito de Interesses – Alegam que a FIP atua com interesses conflitantes, sendo simultaneamente reguladora e gestora de torneios, o que compromete a imparcialidade.
- Cumprimento de Acordos e Contratos – Reclamam promessas não cumpridas e exigem que os contratos firmados sejam respeitados, garantindo segurança jurídica para os jogadores.
- Participação na Tomada de Decisões – Demandam maior participação dos jogadores na definição das regras e regulamentos do circuito, evitando mudanças unilaterais que os prejudiquem.
- Transparência no Sistema de Ranking e Pontuação – Protestam contra mudanças repentinas nas regras do ranking sem consulta prévia e exigem um sistema justo e previsível.
- Liberdade para Escolher Torneios – Defendem o direito dos jogadores de escolherem livremente em quais torneios competir, sem sanções ou restrições impostas pela FIP.
- Melhores Condições para os Jogadores – Reivindicam um calendário adequado, que não comprometa a saúde e o desempenho dos atletas, além de garantir premiações justas.
- Diálogo e Negociação – Pedem que a FIP e a Premier Padel estejam abertas a negociações para encontrar soluções equilibradas, evitando medidas autoritárias ou represálias.
Caso as demandas não sejam atendidas, a associação deu a entender que medidas legais podem ser tomadas para garantir os direitos dos jogadores e a estabilidade do circuito.

Mas afinal, o que colocaria um ponto final ao impasse?
Ao final da leitura da carta, os jornalistas presentes puderam efetuar perguntas aos jogadores. Ainda bastante confusos sobre quais as reais demandas dos jogadores, um a um, os jornalistas fizeram suas perguntas e aos poucos alguns temas ficaram mais claros.
De forma geral, a PPA e os jogadores parecem estar dispostos a negociar, mas um acordo só seria possível com a revisão do primeiro contrato firmado entre os jogadores e a Premier Padel no início do Circuito. Segundo os jogadores, as condições do padel mudaram e o contrato está defasado. Ainda segundo os jogadores, o contrato, que teria duração de 25 anos, possui muitas lacunas e foi assinado com a promessa de uma reformulação em um breve período, o que não aconteceu até o momento.
Vale lembrar que a assinatura do contrato mencionado foi realizada quando houve a compra do WPT por parte da Premier, e os jogadores estavam enfrentando disputas jurídicas com o World Padel Tour, justamente por apoiar a então nova liga, Premier Padel.
O que vem por aí?
Apesar do recuo da FIP e da Premier Padel em relação aos tamanhos dos quadros, um acordo definitivo ainda parece distante. No entanto, seguimos na esperança de que essa situação evolua positivamente.
Uma boa notícia para os fãs de pádel é que a maioria dos jogadores do Top 100 já manifestou a intenção de disputar os torneios P1. Isso significa que, após Cancún (ainda um P2), os eventos Miami P1 e Santiago P1 devem contar com um elenco cheio de estrelas e máxima competitividade.
Para aqueles que estão ansiosos com a compra de ingressos para o P1 da Argentina, tudo indica que a maior parte dos jogadores do Top 100 estará presente, garantindo um espetáculo de alto nível. A venda de ingressos deste evento ainda não foi liberada.
A situação segue em desenvolvimento, e o Super Padel continuará acompanhando de perto os desdobramentos dessa disputa, que pode redefinir o futuro do pádel profissional.
Maycon Henschel, da redação.